Eu gosto da ideia de que meu coração é grande. E de que nós amamos até onde ou quando nosso coração pode chegar com o amor. Recebendo e dando.
Meu coração há muito tempo não absorve o amor que recebe. De fato, venho continuamente desistindo do amor batendo em minha porta. Dos mais belos aos mais toscos, dos mais profundos aos mais rasos, eu fugi de todos, temendo o sofrimento que é amar alguém. Entretanto, ao passo em que eu degustava esses amores, algo sempre ficava para trás, como um quarto vazio acumulando tranqueira, como um coração acumulando espinhos. Tolo, pensei que seria o suficiente para saciar a fome de amor, quando na verdade eu não sentia fome – eu sentia solidão.
Por que eu preciso sofrer ao amar?
Por que o amor tem que significar dor?
A cada mordida em um fruto da árvore do amor, meu coração afundava ainda mais num precipício sem fundo. Tudo, absolutamente tudo, pesava em meu coração, que afundava descompassadamente. As palavras que soavam absurdas eram ditas e as ações que me guiavam eram comedidas.
E, por mais que o tempo passasse, eu não conseguia me acostumar a viver dolorido. Sempre surgia uma fada da esperança em meus ombros me convencendo a confiar, me instigando a não hesitar. Logo mais eu a via voando para longe, rindo em escárnio enquanto eu chorava no banheiro. Afundando em mim mesmo…
Ao toque, espetava como espinhos.
Ao som, agonizava como metal contra metal.
Ao cheiro, embriagava como bêbados.
Ao gosto, azedava como umbu.
Ao olhar, ardia como pimenta.
Do menino que não gostava de usar a palavra “amor” em vão, tornei-me um escravo da paixão. A brincadeira de se envolver sem amar se tornou fácil e acabei desaprendendo a dar significado à palavra por conta de tanto tempo sem usar.
Interesse sem significado, vontades vazias, carne batendo na carne e o calor sem vida.
Sem identidade.
Sem pessoalidade.
Sem amor.
Dentre tantas outras bocas, onde foi que eu perdi meu beijo?
Dentre tantas histórias em que me humilhei, onde eu deixei meu orgulho?
Meu auto cuidado…
Não estava esperando me apaixonar de verdade.
Até você chegar.
E agora eu tenho medo de te perder.
E me afundar de novo.
Eu sei que me coração é grande e sei que ele não tem limites para amar, mas isso não significa muito e não responde as perguntas que fiz até agora. Se puder, eu quero sua paciência. Eu quero sua presença. E te peço por seu amor. Daqui, eu vou me esforçar para desvendar essa infinidade contigo. Para mergulhar no que é novo e, portanto, desafiador.
Isso é muito difícil para mim também, eu quero que entenda que meus sentimentos são de vidro e quebram muito fácil, mas eu vou deixar a guarda baixa e vou te dar as armas para dar xeque em meu coração.
Por favor, não me deixe.